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Alice no País das Traduções e Releituras


Com mais de 150 anos de lançamento, estima-se que Alice no País das Maravilhas tenha sido traduzido para, pelo menos, 170 idiomas. Em algumas dessas versões, entretanto, a história não é contada ao pé da letra: algumas piadas, trocadilhos e paródias só fazem sentido ao pé da letra e, ao transforma-la para uma nova língua, alguns tradutores optaram por alterar seu sentido para aproximar-se da cultura local.

Traduções

No Brasil, podemos citar a tradução de Ana Maria Machado, pela editora Ática, que optou por substituir as canções e poemas originais do livro por obras da literatura brasileira, como "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias. Dessa forma, tenta aproximar-se das crianças brasileiras, mas o resultado é confuso: Alice, uma garota inglesa do século XIV, recitando poemas brasileiros do século XX.

Monteiro Lobato, grande ícone da literatura infanto-juvenil nacional, foi um dos primeiros a traduzir Alice para o português, nos anos 30. Entretanto, sua versão apresenta forte simplificação linguística e adaptação dos aspectos culturais, trazendo Alice, mais uma vez, próxima a realidade brasileira e voltada aos pequenos deste país.

Ruy Castro, da Companhia das Letrinhas, apesar de trazer o texto mais curto e voltado para crianças de até 10 anos, apresenta uma tradução mais próxima do original, resgatando o humor non-sense de Lewis Carrol que se perdeu na maioria das adaptações.

Entre as mais fieis traduções destacam-se as de Nicolau Sevcenko (Editora Cosac Naify), Sebastião Uchoa Leite (Editora Summus) e Maria Luiza X. de A. Borges (Editora Zahar). As três apresentam um trabalho minucioso a fim de manter o espírito do original, embora a primeira elimine referências à era vitoriana. A última, publicada pela Zahar, traz em um mesmo volume as obras "Alice no País das Maravilhas" e "Alice Através do Espelho", em edição de bolso ou comentada, que descreve em detalhes as circunstâncias e referências contidas no texto de Lewis Carrol. A tradução de Sebastião Uchoa é considerada por muitos a melhor tradução de Alice em território brasileiro.


Releituras

Não somente traduções diferentes e adaptações para públicos variados, a obra já serviu como base para outras histórias que utilizam os mesmos personagens e universo fantástico criados por Lewis Carroll para produzir novas aventuras a sua sombra. Por exemplo:

Alice no País das Armadilhas, por Mainak Dhar
O livro lançado em 2015 apresenta uma mistura de mitos e teorias conspiratórias, em que o País das Maravilhas assemelha-se mais a uma terra de zumbis após um ataque nuclear que devastou o planeta. Grande parte da população foi transformada em Mordedores, mortos-vivos que se alimentam de sangue e, com uma mordida, transformam os humanos em seres com eles.

Alice, humana de 15 anos, mora nos arredores da cidade que um dia foi Nova Déli, Índia, e aprendeu a se defender sozinha desde cedo, mas tudo muda quando resolve seguir um Mordedor por um buraco no chão.

Alice no País dos Corações, por QuinRose e Soumei Hoshino
Essa versão em mangá (quadrinhos japoneses) apresenta Alice Liddell sendo levada por Peter White, um homem-coelho, para um mundo de fantasia conhecido como Wonderland: um lugar perigoso que está sendo disputado por diferentes facções. Em Wonderland conhece inúmeros personagens carismáticos, porém misteriosos, como se estivessem escondendo algo. Confiar neles pode ser um erro fatal, uma vez que esse país parece um tabuleiro em que Alice se encaixa como a peça fundamental. A obra foi lançada no Brasil pela editora New Pop com um total de seis volumes.

Rainha de Copas, por Colleen Oakes
Uma outra perspectiva traz como protagonista Dinah, futura Rainha de Copas que vive em tédio com sua vida real. Quando sua coroação se aproxima, uma série de eventos sangrentos sugere que algo errado está acontecendo no palácio, e ela terá de desvendar os mistérios antes que perca a cabeça para um inimigo sagaz e sem rosto. Personagens já conhecidos, como o Gato de Cheshire, o Coelho Branco e o Chapeleiro Maluco, fazem parte da narrativa lançada no Brasil pela editora Universo dos Livros, em 2014.


Os constantes lançamentos de novas traduções, releituras e adaptações colaboram com a manutenção da popularidade do clássico que, quanto mais velho fica, mais atemporal se torna, enquanto o legado de Lewis Carroll se eterniza e novos jovens recebem a honra de conhecer o País das Maravilhas, independente de sua versão.

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