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Jogador Nº 1 é show de referências nerds e homenagens aos anos 80


Jogador Nº 1 é um livro de ficção científica escrito por Ernest Cline e publicado pela primeira vez nos Estados Unidos em 2011, pela Random House. A obra chegou ao Brasil pela Editora Leya em 2015, com tradução de Carolina Caires Coelho, e foi relançado em 2018 com nova capa comemorativa do filme.

"O ano é 2044 e a Terra não é mais a mesma. Fome, guerras e desemprego empurraram a humanidade para um estado de apatia nunca antes visto. Wade Watts é mais um dos que escapa da desanimadora realidade passando horas e horas conectado ao OASIS – uma utopia virtual global que permite aos usuários ser o que quiserem; um lugar onde se pode viver e se apaixonar em qualquer um dos mundos inspirados nos filmes, videogames e cultura pop dos anos 1980. Mas a possibilidade de existir em outra realidade não é o único atrativo do OASIS; o falecido James Halliday, bilionário e criador do jogo, escondeu em algum lugar desse imenso playground uma série de Easter Eggs, e premiará com sua enorme fortuna – e poder – aquele que conseguir desvendá-los. E Wade acabou de encontrar o primeiro deles."

Considerado por muitos críticos como um novo Matrix e a mais cultuada obra literária de ficção científica dos últimos tempos, o livro homenageia os anos 80 e toda a cultura nerd/geek da época de forma inusitada ao incrementar o uso de realidade virtual a níveis futurísticos, tudo isso enquanto ainda consegue retratar um universo distópico em que a Terra está sendo consumida pelo desespero e o OASIS, para muitas pessoas, é o único motivo de se manter vivo.


O principal atrativo da obra são as suas referências a jogos, filmes, séries, quadrinhos, músicas e diversas outras formas de manifestações artísticas dos anos 80. Os easter eggs, apesar de existentes desde Starship 1, jogo de 1977, atingiram dimensões incontroláveis conforme o universo cinematográfico da Marvel era criado e popularizado em todo o mundo e a internet se apaixonava pelos memes do Capitão América, criando o terreno perfeito para o nascimento de um livro todo baseado em caça de referências.

Não só o livro inclui citações a torto e a direito de obras que circundavam o universo nerd/geek da década de oitenta, como o seu enredo gira em torno de um jogo de realidade virtual cujo objetivo é descobrir todos os easter eggs deixados por seu criador, deixando um prêmio bilionário àquele que for nerd o suficiente para desvendar todos os desafios, passar por todas as portas e encontrar todas as chaves. O paraíso do América.

Como leitor, você não demora a pegar o ritmo da leitura e é extremamente fácil identificar as referências, mas conhecer e entender todas elas já é outra história. Tudo é elevado a um nível extremo, onde até os personagens que estudam e pesquisam em tempo integral sobre os anos 80 acabam deixando algumas pontas escaparem, imagine nós.

A não recepção de algumas referências, entretanto, não estragam a história ou a nossa relação com a mesma. Você dificilmente vai deixar de curtir o livro por não conhecer os jogos ou filmes citados ao longo da narrativa, mas é muito provável que finalize a sua leitura doido para uma pesquisa no Google que te ajude a se aprofundar nos conhecimentos que acabou de adquirir. É difícil ler Jogador Nº 1 e não sentir pelo menos um pouco de vontade de sair devorando a cultura da década de oitenta. Assim como ficamos após Stranger Things.


Como não só de referências se faz um bom livro, dentre os outros aspectos que circulam o universo da obra podemos citar, por exemplo, a amizade. O texto se divide o tempo todo entre as duas realidades: a verdadeira e a virtual. Enquanto o mundo real está em caos e desordem, as pessoas buscam no OASIS uma fuga de sua realidade e, lá, acabam vivenciando relações que poderiam ser impossíveis na situação vigente de suas vidas off-line.

Dentro do game, os jogadores são divididos entre clãs, formados por vários jogadores que formam uma união em busca do prêmio, e os independentes, que recusam ajuda. Wade é um desses que prefere jogar sozinho, mas isso não o impede de desenvolver algumas amizades dentro do jogo. Seu melhor amigo é o avatar que segue pelo nome de Aech e, embora nunca se tenham visto fora do OASIS ou sequer saibam suas identidades verdadeiras, são extremamente unidos e confiam cegamente um no outro, sabendo, ainda, lidar com a independência de cada um quando o assunto é encontrar os easter eggs.

O foco do livro, mais do que a caça, é o caçador Wade, no jogo segue pelo apelido de Parzival. Assim, suas interrelações acabam ganhando uma devida importância dentro da narrativa, incluindo sua masculinidade e, consequentemente, o romance, quando começa a desenvolver uma paixonite pela jogadora e popular blogueira Art3mis.

Essa dose de amor no meio de uma narrativa distópica e futurística de ficção científica nos ajuda a correlacionar algumas coisas que dizem muito sobre o ser humano: não importa onde, como ou quando, o romance faz parte da nossa espécie e, em algum momento ou em outro, vamos acabar nos entregando a ele.


Colaborando com o clima mais "de ação", a relação acaba não sendo aquele amor a primeira vista de filmes românticos da Sessão da Tarde e desenrola algumas intrigas que acabam sendo importantes para o desenvolvimento do texto a fim de alcançar um desfecho dramático, convincente e não-superficial.

A ação de Jogador Nº 1 felizmente não depende só disso: sendo retratado principalmente dentro de um jogo de realidade virtual, o escritor faz proveito de todas as tecnologias descritas para criar um campo de batalha impressionante e lutas geniais, envolvendo habilidades que são desdobradas ao longo da jogatina, avatares especiais e poderes mágicos. O livro consegue te transportar com maestria para uma realidade de jogos virtuais com uma capacidade visual que chega a ser incrivelmente inovadora para um livro.

Não é a toa que não demorou nada para os estúdios de cinema começarem a demonstrar interesse na narrativa de Ernest Cline: sua adaptação cinematográfica chegou aos cinemas brasileiros na última quinta (29) e tem sido recebida de forma bem calorosa pelo público geral. Confira o trailer e vá ao cinema mais próximo para prestigiar essa nova produção dirigida por Steven Spielberg e protagonizada por Tye Sheridan (X-MEN: Apocalipse e Como Sobreviver a um Ataque Zumbi):


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