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Age of Youth debate temas femininos e juventude em exemplo de sororidade e representatividade | Crítica


A chegada a casa dos 20 é difícil. Eu estou nela e posso afirmar as incontáveis noites de preocupações quanto a minha vida acadêmica, profissional, amorosa e familiar, aos choros silenciados no banheiro por não conseguir atingir seus objetivos pessoais e o desespero por sempre se sentir insuficiente e incapaz em relação a tudo e a todos. Assistir ao drama Age of Youth nesta fase foi como repousar em um ombro amigo que, indiretamente, te abraça e sussurra que as coisas não vão ficar melhores, muito pelo contrário, a tendência é sempre piorar, mas que você vai conseguir forças para lidar com seus desafios da melhor maneira possível.

Cinco universitárias moram juntas em uma casa compartilhada chamada Bella Epoqué. Em geral, as meninas se dão bem, riem, bebem e comemoram juntas, mas as imensas diferenças em suas personalidades torna-se um fator explosivo para as frequentes discussões e intrigas que as cercam: aprender a lidar com as diferenças será essencial para a convivência, mas primeiramente precisam aprender a lidar consigo mesmas, nesse momento cheio de mudanças e crises pessoais que as deixam ainda mais confusas e sensíveis. Os belos vinte anos. 


São elas Yoon Jin Myung, que dedica todo o seu tempo em trabalhar duro e estudar muito para crescer financeiramente; Jung Ye Eun, que tem uma imagem feminina e decidida, mas respira por seu namorado; Song Ji Won, que adora uma festa e não perde a menor oportunidade de socializar, se divertir e beber; Kang Yi Na, popular por sua beleza e sensualidade; e Yoo Eun Jae, uma caipira tímida que acaba de começar a faculdade e tem problemas de socialização. Em comum, todas elas escondem dores, medos, receios e ansiedades que, em silêncio, as consomem.

Desse modo, as estudantes demonstram uma imagem de si mesmas que entra em contradição com seus reais sentimentos, seja pelo medo de expor suas fraquezas a sociedade ou simplesmente o medo de encarar a sua própria realidade, preferindo viver em uma fantasia dolorosa e prejudicial. Independente do motivo, as cinco personagens caminham ao longo do drama em uma trilha de desenvolvimento pessoal que as levarão a versões melhores e mais sinceras de si mesmas, crescendo, evoluindo e aprendendo sobre a vida a cada episódio, deixando ainda boas mensagens e ensinamentos aos espectadores. 


A série lida com problemas reais do universo feminino sem romantizar as ações e expressões, o que torna o drama um must-watch da televisão coreana. Ao debater relacionamentos abusivos, abuso de autoridade profissional, prostituição e independência financeira feminina, rompe barreiras de uma cultura televisiva que, na maior parte de suas produções, tenta minimizar mulheres a posições de submissão e inferioridade em relação uma figura masculina prepotente.

Para as mulheres de plantão, é uma boa série que realmente representa a diversidade feminina em vez de reforçar estereótipos que já tem sido cultuados há anos. Vemos mulheres que se desenvolvem romanticamente, sim, mas que também possuem voz ativa, vida acadêmica, trabalho, sonhos e outras prioridades que não sejam a masculinidade em suas vidas.


"Mas e essa Ye Eun que você disse que respira pelo namorado?", você me pergunta. Ela é o maior exemplo que se pode ser dado nesse contexto. Afinal, enquanto muitos dramas continuam investindo em relacionamentos abusivos de forma romantizada, com a aceitação da mulher em posição baixa porque "homem é assim mesmo", nós vemos uma personagem apaixonada, que sabe que seu relacionamento não está dando certo, que se sente mal, mas que não consegue sair do mesmo por não ter forças suficientes. Quantas mulheres não passam por isso?

Os relacionamentos abusivos precisam ser mostrados na ficção, sim, mas não de forma romantizada em que, no fim da história, tudo se resolve os casais ficam juntos. Os relacionamentos precisam ser discutidos e criticados como forma de ajudar as mulheres a saírem dessas situações, e não de abaixarem suas cabeças. Elas precisam ser representadas por um elemento tridimensional que demonstre força, e não aceitação. Elas precisam de Ye Eun.


Não só de Ye Eun, mas de todos os outros exemplos que podem ser dado no desenrolar de Age of Youth, seja dentro de relacionamentos abusivos, de uma jornada de autodescobrimento, de autoaceitação ou de qualquer outra dessas mil e uma situações desconfortáveis que cercam a vida das mulheres na casa dos vinte anos. Tudo, entretanto, segue em cima de uma grande e forte base chamada amizade, regado a sororidade: de mulher para mulher, o apoio e força que você precisa quando, sozinha, não dá mais conta de carregar seu fardo sozinha.

E isso é passado para a espectadora. A sensação que fica quando você acaba o drama é que você foi abraçada por seis amigas que, cada uma a sua maneira, compartilham de dores semelhantes a sua e entendem as dificuldades pelas quais você está passando. Você se sente menos sozinha, mais representada, e é extremamente importante e necessário que a ficção esteja trabalhando estes aspectos. Precisamos de mais dramas assim, assim como precisamos de mais mulheres tendo seu devido protagonismo e representação em produções de todo o mundo.


Também chamado de "Hello, My Twenties!", Age of Youth é um drama de comédia sobre amizade, juventude e seus respectivos aspectos que foi transmitido originalmente pela JTBC em 2016, a primeira temporada tem apenas 12 episódios e pode ser assistida de forma legendada pelo DramaFever ou pela Netflix.

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