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Membros do LAYSHA são vítimas da cultura pornográfica e precisamos falar sobre isso


As membros do grupo feminino sul-coreano LAYSHA descobriram recentemente que câmeras espiãs foram escondidas em seus vestiários, banheiros e carros. Os dispositivos gravavam a intimidade das garotas e os muitos dos registros ilegais foram posteriormente publicados na internet, em sites de pornografia, sem o consentimento ou conhecimento das garotas, que tornaram-se vítimas de rumores e fofocas, mas sobretudo de uma cultura pornográfica que, infelizmente, ainda é muito forte e afeta mulheres ao redor de todo o mundo.

A informação foi divulgada pelas próprias integrantes do grupo em suas redes sociais, onde elas ainda afirmam que irão tomar medidas legais a respeito das imagens vazadas, que vão contra a privacidade das meninas. A líder do grupo, Goeun, publica o seguinte texto:

"Todos os comentários de ódio, rumores e contas hackeadas. Eu não queria me estressar, mas também não queria divulgar o caso, então estive ignorando, deixando de responder e tentando aguentar, mas agora uma câmera escondida... eu não consigo mais aguentar isso.

Seja no vestiário da companhia, no carro ou na minha casa, eu nem sei como essas câmeras tão pequenas que nem são visíveis aos olhos são instaladas, mas eu preciso pegar o culpado disso, eu também estou cansada de guardar isso para mim mesma e ficar chorando sozinha, tem sido difícil manter a calma.

Estou planejando tomar medidas rigorosas contra tudo daqui em dia. Eu irei processar todos que tiraram vantagem de mim tão casualmente, me transformando em pauta de fofoca, e vou garantir que eles sejam devidamente punidos. #video #cameraescondida #camera #puniçãocriminal #sexcrime #exposição #processo #laysha #goeun

Há muitas pessoas perguntando se o culpado é o manager; definitivamente não, a companhia não tem nada a ver com isso. Há várias pessoas dizendo que eu estou gravando programas digitais sozinha; eu já gravei a minha vida diária no passado, mas quem seria louco o suficiente para se filmar trocando de roupa no vestiário da companhia ou mesmo embaixo do caro? Não é culpa das pessoas ao meu redor. "


A membro Som também comentou sobre o assunto em suas redes sociais. Em um dos trechos, ela diz: "Câmeras escondidas nas casas das integrantes, na agência, no carro e depois fotos sendo reveladas. Eu só vi esse tipo de coisa acontecer com outras pessoas na TV ou na internet, mas o fato de que isso aconteceu conosco sob nossos narizes... quando fomos notificados pela primeira vez, eu apenas chorei."

Ela continua em outro momento da declaração: "Sim, nosso trabalho é tal que as pessoas falem sobre nós, mas ninguém tem o direito de invadir nossa privacidade e usar isso para nos machucar, tão casualmente quanto alguém poderia tirar uma foto de algo no chão. Vamos tomar medidas legais e ficaremos mais atentos."

Em apoio e respeito às integrantes, fãs tem divulgado a hashtagh #ProtectLAYSHA no Twitter.

Cultura pornográfica

O caso já é histórico na Coreia: Em novembro de 2017 o Elfo Livre comentou sobre medidas tomadas na Coreia do Sul contra a gravação e distribuição de vídeos pornográficos gravados por câmeras escondidas. A iniciativa surgiu após um ridículo aumento de 545% em crimes relacionados a câmeras espiãs nos últimos 8 anos. No país, existem leis em vigor para processar fabricantes e distribuidores de vídeos de espionagem pornográfica, mas nenhum para processar ou punir os espectadores.

Por trás disso há toda uma cultura pornográfica, relacionada a sexismo e mesmo a estupro que é vigente não só na Coreia, mas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Katie Silver, da BBC, traz um texto interessante sobre como a exposição à pornografia estimula o sexismo, segundo pesquisadores. "De acordo com a pesquisa, quanto mais cedo acontece a exposição à pornografia, maior é a probabilidade de que o homem queira exercer poder sobre as mulheres", revela um trecho.


Laurie Oliva descreve como o impacto da cultura pornográfica em meninas é muito grande para ignorar em uma publicação no Medium, de leitura altamente recomendável: "Juntos, a pornografia e a tecnologia criaram uma onda extrema — mas simultaneamente normalizada — de misoginia", segundo Oliva, que diz respeito não só a vídeos gravados de forma ilícita, mas do vazamento de nudes e vídeos sexuais que tem se tornado cada vez mais frequente. A vítima? Sempre a mulher.

Segundo o texto, esses crimes estão (finalmente!) começando a serem levados a sério, com punições aos responsáveis pelos compartilhamentos: Benjamin Barber, de 31 anos, foi condenado a seis meses de prisão por "disseminação ilegal de uma imagem íntima" após compartilhar vídeos de uma ex-parceira, sem seu consentimento, em sites adultos.

"A exposição à pornografia tem acentuado a coisificação do ser humano, quando pessoas são vistas como meros objetos de prazer", segundo o Conecta BH sobre a cultura da pornografia, levando ao constante e misógino pensamento de que a função da mulher é satisfazer as necessidades masculinas, apenas. Visão tal que ainda segue muito forte entre consumidores masculinos de K-POP, seja no compartilhamento de vídeos expositivos, como os do LAYSHA, ou no abuso da posição de fã, como em inúmeros casos citados em um texto anterior.

O grupo


Administradas pela JS Entertainment, Laysha é um quarteto coreano de K-POP que debutou em 2015 com o single digital Turn Up the Music. As integrantes são Chae Jin, Som, Goeun e Hyeri, além das ex-integrantes Yubin e Seulgi.

As meninas não são populares, mas são conhecidas na Coreia do Sul, principalmente entre os k-netizens, por uma "má reputação" de serem um grupo que esbanja sensualidade, geralmente utilizando roupas curtas em performances com coreografias ousadas. Sua música mais popular é Chocolate Cream:


Esperamos que o LAYSHA siga forte e que os criminosos envolvidos sejam devidamente punidos.

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2 Comentários

  1. Isso é muito trite infelizmente é difícil de pegar os culpados por fazerem essas coisas mas espero muito que também sejam pegos... eu faço parte da luta contra o tráfico de pessoas e essa cultura pornográfica está extremamente envolvida, sei que é um assunto que choca mas precisamos falar sempre sobre isso.

    Independente do trabalho delas se são mais sensuais ou não, não se trata nenhum ser humano dessa forma. Não conhecia este grupo e fico muito triste pelo acontecido... espero que elas superem e sigam em frente.

    Apenas eu, Day

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  2. É lamentável que coisas como essa sejam tão frequentes em nosso mundo. Acredito que toda essa questão de objetivicação da mulher, invasão de privacidade e outras coisas relacionadas poderia ser resolvido com a educação sexual nas escolas. A escola acredita que apenas a parte biológica basta, mas, como vemos nese caso, é necessário uma educação mais aprofundada na questão sexual e social.

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