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Dumplin': o emocionante protesto contra os padrões de beleza e pela exaltação ao amor próprio


Baseado no livro homônimo de Julie Murphy, Dumplin' é um filme de 2018 lançado pela Netflix e protagonizado por Danielle Macdonald (Lady Bird) como Willowdean Dickson, uma jovem gorda que sempre foi confiante com seu corpo mesmo sem a aprovação da Mãe, Rosie Dickson (Jennifer Aniston), uma ex-miss. Ao se apaixonar por Bo (Luke Benward), entretanto, cai em um poço de insegurança e, para restaurar sua autoestima, entra em um curso de beleza para protestar contra os padrões de beleza

Esse protesto é o principal ponto do filme, cujo enredo é uma crítica aos estereótipos de que a beleza feminina precisa estar relacionada a magreza, mas abordando-o de forma realista, com personagens tridimensionais que são fortes e desejam lutar contra o que há de errado e podre na cultura das passarelas dominadas por dietas malucas, mas sem deixar de lado os medos e as inseguranças que acompanham qualquer mulher, independente do formato do seu corpo.


Aborda, ainda, quebras a outras formas de estereótipos do cinema que fazem-se presentes nas principais amizades da protagonista. Ellen (Odeya Rush) é a melhor amiga de Willowdean e é diferente dela não só na aparência, magra, mas em sua mentalidade, com divergências de opiniões que não as impedem de ser amigas, mas sim intensificam o amor que uma sente pela outra ao apoiarem ideias descordantes por saber que esta trará o melhor a próxima.

Em um outro filme qualquer, Ellen poderia facilmente se tornar uma inimiga que humilharia Willowdean por seu peso, mas não neste. Com direção de Anne Fletcher, dá-se a importância de ter uma mulher a frente de um filme que narra sobre mulheres, pois somente outra de nós para entender a complexidade de nosso universo e não se deixar cair em clichês do cinema que precisam urgentemente passar por um processo de desconstrução.


Importante destacar também que Willowdean não é a única gorda do filme, como muitos longas hollywoodianos têm feito nos últimos anos como uma espécie de "obrigação" com a representatividade às minorias. Millie, personagem de Maddie Baillio, também se faz presente na narrativa e, mesmo sendo secundária, é uma personagem redonda - ou seja, com características próprias não-caricatas - que chama atenção do público por uma dualidade de inocência e força de vontade que emana dela, lutando pela sua própria causa, por seu próprio espaço.

Há de se falar, ainda, do papel da mãe da protagonista: Rosie Dickson é uma das maiores representações realistas de mães modernas no cinema atual. Muitas produções dentro da temática "jovens gordas" tendem a relatar os familiares das protagonistas como pessoas carinhosas, que aceitam seus filhos e lutam para que eles se aceitam também, independente do formato de seus corpos, mas a personagem de Aniston aponta por um lado mais triste, porém realista, de mães "padrão" que menosprezam o corpo de suas filhas gordas.


Nem mesmo nessa personagem o filme deixa de retratar que uma pessoa não é um estereótipo, e sim um ser profundo com motivações e históricos que desencadeiam suas opiniões e ações, tanto as boas como as ruins, no presente. Sempre há um porquê, guiado por questões tridimensionais. Por um outro olhar, ainda, é possível falar do amadurecimento da atriz: Jennifer, que uma vez foi a mimada e fashionista Rachel em Friends, representa hoje uma mulher, no auge de sua vida adulta, que aprendeu a lidar com o mundo e com as dores, como se sua personagem em Dumplin' conversasse com aquela que deu início a sua carreira nos anos 90.

O filme trata também da representatividade drag com um respeito que não se via no cinema teen desde As Vantagens de Ser Invisível (2012), mas com muito mais ênfase conforme as personagens dessa cultura se tornam essenciais não só para o desenvolvimento da trama, mas da personagem como uma mulher em fase de aceitação. Os conselhos a Willow são não só referente a sua aparência, mas a suas ações com o mundo e consigo mesma, de modo a enxergar sua beleza interior e deixá-la transbordar ao exterior, enaltecendo-se em ambos aspectos.


Tal aceitação é a chave para abrir o cadeado de um relacionamento com Bo, um rapaz carinhoso e prestativo que está claramente apaixonado por Willow, enquanto esta encontra-se cega pelos estereótipos das mulheres nas passarelas e em filmes de romance, incapaz de permitir-se ao amor. O amor próprio é o primeiro amor que deveríamos aprender: ele nos permite amar a nós mesmas, aos outros e principalmente a nos deixarmos ser amadas pois só com ele nos reconhecemos como merecedoras desse sentimento tão belo. E todas merecemos ele.

É extremamente importante que filmes dos últimos anos estejam, finalmente, abordando questões femininas nos cinemas - e não só com protagonistas do gênero, mas com mulheres reais, de diversas formas, etnias e sexualidades, permitindo que uma nova geração de mulheres cresça se sentindo representada nas telas grandes, aprendendo a amar seus corpos, a si mesmas e a se respeitarem. E o melhor de tudo é representar isso de forma lúdica, na qual o filme é de um ótimo entretenimento, sim, mas carrega uma mensagem para toda a vida. Vale a pena assistir.


"Every body is a swim body"

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