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A Menina na Torre: sequência de “O Urso e o Rouxinol” é tão fantástica quanto | Resenha


Em seu segundo romance, A Menina na Torre, a autora norte-americana Katherine Arden retorna ao mundo da literatura para contar a continuação da saga de Vasya, jovem protagonista de O Urso e Rouxinol, em sua jornada em busca de autoconhecimento e de liberdade, regada a folclore russo, contos de fadas, aventura e feminismo.

Neste novo volume, Vasya se disfarça de garoto para enfrentar os perigos da floresta ao lado de seu fiel cavalo, Solovey, e sempre vigiada por Morozko, o Demônio do Gelo. Quando uma misteriosa quadrilha começa a aterrorizar os vilarejos com ataques, roubos, incêndios e sequestros, a jovem justiceira entra em ação - sem se preocupar se entraria, consequentemente, em risco.


Ambientado novamente no inverno de uma Rússia medieval, os espíritos e criaturas marcam seu retorno ao curioso enredo protagonizado por uma jovem que, muito antes de o mundo saber o que era feminismo, já lutava pelo direito de ser ela mesma em uma época controlada pela igreja católica, onde qualquer alto de rebeldia feminina era dado como bruxaria.

Em uma incrível ficção histórica regada por elementos do universo fantástico, presenciamos um conto de fadas muito bem narrado por Arden, cuja escrita e criatividade fenomenal fazem-nos prendermos ao livro do início ao fim, com cada palavra em seu devido lugar para criar um clima impressionante e aterrorizante.


Além dos já conhecidos personagens, que se apresentam com grande maturidade em relação ao arco anterior e ainda mais ambiciosos, muitos novos nomes aparecem na trama, com destaque a Kasyan, um belo e indecifrável rapaz que confundirá nossa heroína, e Marya, filha de Olga, irmã mais velha de Vasya, que revela grande semelhança com a aventureira tia.

A relação entre Vasya e Morozko está ainda mais desequilibrada e ambos, mesmo após seguirem por caminhos separados, continuam a se encontrar provar que a história deles ainda não acabou, revelando laços ainda mais apertados entre os personagens que, cada vez mais, dependem um do outro, por mais que queiram emancipar-se.


A continuação é tão boa quanto o primeiro livro, na medida do que é possível: Arden consegue dar rumo a jornada de Vasya sem torná-la cansativa ou repetitiva em relação aos acontecimentos anteriores, dando ao leitor uma boa história que não só merece ser continuada, como deve ser continuada.

Os acontecimentos minunciosamente revelados em uma Rus' (pré-Rússia) invernal, religiosa e política, abordam as constantes batalhas entre os governos, as doutrinas da época em contradição ao seu passado pagão e a idealização de uma protagonista forte, muito a frente de sua época, que ainda hoje causa identificação entre mulheres de diversas culturas que vivem, mesmo séculos mais tarde, em um universo machista que deseja nos reprimir - e, assim como Vasya, devemos lutar.


Seria um erro privar o público de mais um livro para entregar o desfecho de nossa amada heroína, que tem se construído tão firmemente sobre bases que vão além do esperado para uma jovem de sua época, alimentando nossa realidade com uma esperança, perseverança e senso de justiça que brilham mesmo nos tempos sombrios, incentivando-nos a não desistirmos de nossos sonhos.

No Brasil, A Menina na Torre foi publicado pela Fábrica231, selo da Editora Rocco com tradução de Eliza Nazarian. A obra é o segundo livro da trilogia Winternight, que leva elementos de obras como Mitologia Nórdica, de Neil Gaiman, e As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, que deu origem à série Game of Thrones. Para os fãs de uma boa fantasia medieval, a obra de Arden torna-se perfeita.

Comprando a obra pelo link acima você ajuda o Elfo Livre a se manter no ar.

O exemplar resenhado foi uma cortesia da Editora Rocco.

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