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Parasita, um filme de contrastes


O filme Parasita (기생충) já é um destaque nos festivais internacionais, com estreia no Festival de Cannes de 2019, onde foi premiado com o Palma de Ouro, tornando-se o primeiro filme sul-coreano a receber tal prêmio. Finalmente a aclamada obra chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 07 de novembro, com distribuição da Pandora Filmes.

Com direção de Bong Joon Ho, já conhecido por trabalhos como Expresso do Amanhã, popular logna de 2013, e Okja, lançado pela Netflix em 2017, o longa de suspense e drama conta a história da família pobre Kim, que lentamente se infiltra em uma mansão, contratados como funcionários dos ricos Park. Entretanto, mentira tem perna curta e logo o golpe sai de controle. 


A história é um retrato nu e cru da desigualdade social, ressaltando um lado da Coreia do Sul que nem sempre é mostrado pela mídia internacional, que tanto enfatiza as belezas do K-POP e valores bilionários levantados por grupos como BTS, mas deixa de lado aqueles que ainda vivem às margens da sociedade, como os protagonistas deste filme.

Parasita é um filme de contrastes, visto não só no pequeno porão sujo em comparação com a grande mansão luxuosa, mas enfatizada no intelecto dos personagens, pela esperteza malandra dos mais pobres contra a inocência quase infantil dos mais adinheirados, que tampouco imaginam estar sendo enganados — afinal, para eles, acreditar nas aparências já é algo rotineiro.


É notável o destaque para a personagem de Park So Dam, que apresenta-se como ambas Ki Jung e Jessica, em uma dualidade impecável que faz jus a narrativa criada por sua família para ascender socialmente, mas que nada seria sem o grande talento da intérprete  que já chama a atenção por filmes como The Silenced e The Priests, de 2015.

Assim como é notável como o filme funciona muito bem como um produto não-mainstream que também conversa com o mercadológico: comparado com outras grandes produções coreanas, como Train to Busan (2016), o longa é relativamente parado, mas a construção psicológica e o desenvolver dos personagens dentro de suas ambições é tão cativante que o tempo passa despercebido. Novamente, contrastes.


É entretenimento, mas também é cultura. Parasita vai te fazer rir com um humor politicamente incorreto e te deixar suando frio com as emboscadas em que os personagens se envolvem, mas também te dará um tapa na cara quanto a dura realidade universal que é a pobreza, nos fazendo repensar nossos privilégios e o sistema que nos engole inconscientemente. É preciso ter consciência.  

Não é a toa que o filme conquistou o seu Palma de Ouro e já está sendo considerado como um dos favoritos ao Oscar 2020. Tudo em Parasita é tão bem elaborado que, de fato, o longa merece toda a atenção e reconhecimento que tem recebido — e ainda há de receber. Emplacando um sucesso atrás de outro, vale a pena manter o olho fixo em Bong Joon Ho e seus próximos passos.

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