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Eu, Tonya: cinebiografia criativa da polêmica ex-patinadora


Tonya Harding, ex-patinadora artística, foi protagonista de uma das maiores polêmicas dramáticas do mundo dos esportes na década de 90, suspeita de mandar quebrar a perna de sua maior rival, Nancy Kerrigan, ás vésperas dos Jogos Olímpicos  na Noruega, em 1994, o que acabou revelando-se como uma conspiração contra Tonya, cuja vida e caso foram abordados em sua cinebiografia lançada em 2017.

A narrativa apresenta formato de entrevista, como se os personagens estivessem sendo entrevistados agora, 20 anos após os acontecimentos marcantes. Os fatos contados, entretanto, seguem por uma linha do tempo, no qual somos apresentados a Harding em sua infância traumática. Interpretada por Mckenna Grace, vemos acontecimentos que ajudaram a moldar a personalidade desequilibrada da artista, regada a maus-tratos familiares, falta de afeto e exigências demais para a sua pouca idade.


Já na adolescência, a personagem passa a ser vivida por Margott Robbie, neste que pode ser considerado o seu melhor trabalho até então. Interpretar a insana Arlequina em Esquadrão Suicida (2016) deu-lhe currículo para entregar uma performance digna e repleta de personalidade. Tonya está presa em si mesma e ninguém parece se importar com o seu passado ou com o seu presente, o que apenas evidencia sua imagem desordenada.

Esse retrato da garota não ajuda em nada em sua profissão, vivenciando um lado cruel da indústria do atletismo feminino que prefere enaltecer garotas meigas e de planos de fundo ajustados a uma mulher forte e problemática, ainda que esta seja a mais talentosa patinadora de sua geração. A mídia e imprensa interessam-se apenas por suas polêmicas, transformando-a em uma espécie de vilã, figura que só dificulta sua situação quando um complô é armado para cima de si, envolvendo seu namorado abusivo, um segurança impertinente e sua maior rival.


Assim, somos apresentados a história com o ponto de visa daquela que por anos teve a sua verdade escondida por interesses alheios. Ou, melhor, parafraseando a personagem: "Não há verdade, cada um possui a sua própria verdade". E chegou a hora de Tonya mostrar a sua, denunciando a mídia, a indústria do atletismo, seu namorado, sua mãe e todos aqueles que erraram com ela e ajudaram a construir a imagem de "monstro" que por muito representou.

É um filme extremamente sensível, dramático e poderoso. Toda essa pessoalidade torna-se ainda mais palpável quando seus personagens quebram a quarta parede, conversando diretamente com os espectadores, como se estivéssemos vivenciando suas ações pessoalmente e em tempo real. As cenas "atuais", de entrevistas para um documentário, dão ainda mais transparência a narrativa, como se estivéssemos, de fato, vendo os verdadeiros Jeff, LaVona e, principalmente, Tonya, em vez de Allison Janney, Sebastian Stan e Margot Robbie, respectivamente.


Esse time de peso é a principal força do filme para passar a mensagem da forma mais eficiente possível, embelezada por uma fotografia brilhante, ótimas transições e uma trilha sonora fodástica, com destaque para Devil Woman, sucesso dos anos 70 interpretado por Cliff Richard e a original Fair to Love Me, na voz de Mark Batson.

O filme só chega aos cinemas brasileiros em 14 de fevereiro, mas sendo lançado nos Estados Unidos em 2017, foi indicado em três categorias para o Oscar deste ano, cuja premiação deve ocorrer em 4 de março: Melhor Atriz, para Margoot Robbie; Melhor Atriz Coadjuvante, para Allison Janey; e Melhor Montagem, pelo trabalho de Tatiana S. Riegel. Será que leva?

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