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Mãe!, com seu terror psicológico, merecia mesmo era um Oscar


Mother!, ou Mãe!, no Brasil, é o mais recente filme estrelado pela popular e premiada atriz Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes, O Lado Bom da Vida) e com direção de Darren Aronofsky. Lançado em setembro de 2017, o filme divide opiniões do público e da crítica, sendo indicado até mesmo ao Framboesa de Ouro - um Oscar invertido, que elege os piores lançamentos e profissionais do cinema do último ano - quando, na verdade, é digno de uma estatueta da Academia.

Neste longa de drama e mistério, conhecemos um casal de nomes desconhecidos. A mulher trabalha na reforma da casa, destruída por um incêndio há muitos anos, enquanto o homem, um poeta com bloqueio criativo, tenta encontrar um meio de voltar a produzir sua arte. O que tinha tudo para ser apenas mais um fim de semana comum para a dupla começa a se transformar quando uma série de pessoas inconvenientes começam a chegar à residência, testando o casamento dos dois.


Enquanto a mulher desconfia dos convidados não-convidados, o homem faz de tudo para recebê-los da melhor forma possível, mesmo que isso consista em negligenciar o tratamento pela própria esposa, desrespeitando suas vontades. Ela, por outro lado, revela-se submissa, sem voz, sem autoridade, mesmo sendo constrangida e estando claramente desconfortável com todos os novos acontecimentos daquela casa que, um dia, foi silenciosa e tímida, escondida no meio de uma floresta.

Todo esse descontrole causa nervosismo, quase que um pânico em quem assiste. É difícil imaginar-se no lugar da protagonista. É difícil engolir todos estes sapos. Mas tudo caminha para o sentido subjetivo da trama, que se torna mais óbvio para o terceiro terço da narrativa, como se cada ação (ou falta de) fosse uma peça deste grande quebra cabeça dramático que é o filme.


Um modo de interpretar o filme mostra-se bastante peculiar, mas talvez seja spoiler. Leia por sua conta e risco: Trata-se de uma nova forma de representar a Bíblia, mas de um jeito que talvez não agrade muito aos cristãos mais fanáticos ao representar Deus como um homem mimado e que precisa da aprovação pública para poder seguir em frente, mesmo que isso vá contra os desejos de sua mulher, que representa a natureza, passiva as ações dos homens (os visitantes) e de Deus.

Adão, Eva e até mesmo Jesus são apresentados durante a narrativa de caos e terror psicológico, tudo isso passado dentro da casa - na analogia, a Terra - que, quanto mais tenta se manter em ordem e limpar a bagunça dos anos, menos incapaz torna-se. Abraça uma fotografia a primeiro olhar simples, mas rica em detalhes de tonalização e filtros, trabalhando ainda tanto com ótimos closes que retratam bem o sufoco da protagonista, como com planos abertos para demonstrar espaços que colaboram com a dramatização da cena.


Os minutos finais são os mais marcantes para perceber o desastre humano, abordado como como as coisas se desencaminham quando a) tudo é levado ao pé da letra, ou b) há diferentes interpretações em que cada pessoa enxerga seu entendimento como a verdade absoluta, sem se preocupar com os demais. Apavorante, mas ao mesmo tempo maravilhoso e necessário. Principalmente nos dias de hoje, com a intolerância em pauta.

Com toda essa narrativa muito bem performada, Mother! não merecia estar concorrendo ao Framboesa de Ouro: seu lugar é com uma estatueta do Oscar.

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2 Comentários

  1. O título do seu post dá um baita spoiler, seria melhor trocar, uma das coisas mais legais desse filme é ir descobrindo sobre o que ele é no decorrer da história...

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    Respostas
    1. Obrigada pela crítica.
      Eu, realmente, não acho que essa interpretação seja um spoiler ou algo que mude a sua relação com o filme se já assisti-lo sabendo disso, mas sim algo que talvez chame a atenção de mais cinéfilos por conta da temática peculiar. Mesmo sim, agradeço por sua opinião e optei por aceitá-la, alterando o título da publicação.

      Muito obrigada.

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