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Persona: Jogo do Amor | A dualidade do purismo pela falta de maturidade


Persona, minissérie antológica protagonizada pela IU, chegou na última quinta-feira (11) à Netflix. Em seu primeiro episódio, a jovem cantora e atriz interpreta uma jogadora de tênis que entra em uma longa e acirrada disputa contra Bae Doona, sua rival no jogo e no amor, valendo o coração do jogador por qual as duas são apaixonadas.

O episódio de pouco mais de 20 minutos passa grande parte de sua duração focado em um duelo entre as duas personagens femininas que, por meio do jogo, canalizam todo seu desejo de vencer o jogo e conquistar justamente seu prêmio romântico. A batalha é intensa, mas pode se tornar um pouco cansativa a um público menos acostumado com uma direção que cultua o visual e a subjetividade, traços do clássico cinema oriental que se contrapõe a produções hollywoodianas. 



São poucas as falas ao longo do episódio, ainda mais escassas durante a cena principal, na qual a mensagem é comunicada por meio da fotografia, unicamente, com foco nos rostos e nas grandiosas capacidades expressivas de suas intérpretes que deixam transparente as emoções de suas personagens.

Em Doona, percebe-se a plenitude e segurança de uma mulher matura e decidida, enquanto em IU prevalece o desespero e uma ansiedade jovial, como se sua vida dependesse disso. Dá-se, neste sentido, a importância de não só uma boa direção fotográfica, que consiga captar tais expressividades, mas a entrega de corpo e alma de excelentes atrizes - que não deixam a desejar em nada para Jogo do Amor. 



Tal desespero da jovem IU evidencia-se ainda nas poucas falas da personagem, tida como uma figura rebelde, descontente e controladora que se expressa principalmente por meio de palavrões, negando um purismo esperável de sua intérprete, formado ao longo de sua carreira, mas que a IU da vida real vem quebrando em seus mais recentes trabalho no qual privilegia a "eu" madura e adulta que se tornou.

Já sua mais nova personagem ainda não passou pelo mesmo processo de amadurecimento da verdadeira Lee Jieun, comprovado na imaturidade de suas ações, mas apresenta-se versátil por quebrar com os paradigmas de que a falta de maturidade está ligada necessariamente a inocência, aproximando-se mais da personagem Cindy, do drama The Producers (2015).



Em ambas as obras, as personagens de IU carregam semelhante rejeição ao purismo, presente nas externalizações de seu "eu", como em ações ousadas de exibicionismo ou descontrole verbal, mas que se contradiz no interior, onde moram as verdadeiras emoções, que revelam-se como sentimentos muito puros de amor e desejo que, pela falta de maturidade, talvez até pela idade, não são devidamente expostos, entregando portanto uma dualidade na qual ao negar o purismo, o purismo se revela.

Em contraposição, a personagem de Doona revela-se madura, completa consigo mesma, e capaz de entender o comportamento da mais jovem, substituindo seus julgamentos por um apoio que, por meio do duelo ou de seu desfecho, ajudarão a personagem de IU a se tornar mais ciente de si mesma e das consequências de suas ações, reconhecida no ato final, fechado por Donna em um show de demonstração do que é verdadeiramente ser adulto.


Lee Ji Eun, por sua vez, age cada vez mais como a adulta que é, deixa de lado a inocência de sua "eu" adolescente do início da carreira transmitia, mas não sem o criticismo por parte de um jornalismo falido que, contra suas mudanças nada mais que humanas, insiste em tentar queimá-la, sem sucesso. Em BBIBBI, música lançada em outubro de 2018 em comemoração aos seus dez anos na indústria musical, critica a mídia que tenta controlar sua produção e sua personalidade. 

Enquanto falam mal, sua fama só continua a aumentar, alcançando inclusive níveis mundiais com a possibilidade de estrelar uma série da Netflix, e tamanha a proximidade da sublimidade por trás da personagem com a vida pessoal e currículo de IU! Prova-se assim que os papéis em Persona foram feitos exclusivamente para ela, dificultando o público de imaginar qualquer outra artista neste enredo tão pessoal, próprio de Lee Ji Eun, que revela-se versátil e madura o suficiente para encarar qualquer papel e as críticas de uma mídia frustrada.


O primeiro episódio desta série antológica permite ao público não só um olhar para as novas faces da aclamada artista, mas uma visão muito intimista das manifestações dos desejos humanos por uma canalização de desesperos muito bem trabalhadas em um enredo simples, mas com uma poderosa direção assinada por Lee Kyoung Mi.

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1 Comentários

  1. Nossa que análise incrível, adorei! Realmente me assustei ao perceber que a maior parte do curta ficou só nas duas jogando, mas revendo percebi que tudo que tinha pra ser dito, tava ali, o olhar delas não podia ser mais claro

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