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Estudei Paula Pimenta na faculdade!


Curso Letras: Habilitação em Português e Inglês, e tenho aulas voltadas para gramática, linguística, semiótica e língua estrangeira, por exemplo, mas a minha preferida, a que me fez escolher o curso, é a literatura. Estudamos literatura brasileira, portuguesa, britânica e americana, além de semestres teóricos sobre poesia, romance e novela, mas não vou negar que o que mais adorei trabalhar foi sobre literatura infantil e juvenil.

Nesse semestre, o terceiro do curso, tive a oportunidade de brilhar com a minha vertente literária preferida. Falamos sobre Alice no País das Maravilhas, Harry Potter, O Sítio do Pica-Pau Amarelo e Diário de Um Banana, mas me rendi aos encantos de uma autora brasileira que, até então, nunca havia lido, apesar de já conhecê-la por nome: Paula Pimenta

O contato inicial foi com a primeira temporada de sua mais popular saga de livros, Minha Vida Fora de Série, que li, estudei, revisei, resenhei e até mesmo fiz uma prova sobre. Nesse semestre, não só consegui atingir excelentes notas, como fui feliz e ainda voltei para a casa com uma nova autoria que viria a se tornar uma das minhas companheiras literárias preferidas. 

No Ensino Médio é tão normal realizarmos trabalhos e provas sobre autores como Machado de Assis, José de Alencar e outros clássicos da literatura canônica brasileira e portuguesa que, quando você se depara com uma prova sobre uma autora contemporânea, juvenil e de massa, se acaba por ficar sem saber o que esperar, mas não há nada de segredo ou mistério. Para esta atividade de nota, a leitura da obra foi essencial, mas a pesquisa e o olhar atento fez-se de ainda maior importância.


Em primeiro momento, o professor pediu um resumo bem detalhado da obra, 30 linhas no mínimo, então nada de se conter demais e acabar escrevendo uma sinopse, mas também não há a necessidade de contar todos os mínimos detalhes da obra, apenas resumir os acontecimentos principais, sem medo de dar spoiler (afinal, o spoiler era necessário para essa atividade que cobrava, inclusive, que fosse contado o desfecho da narrativa), mas com suas próprias palavras, seu próprio toque. 

Em seguida, era preciso analisar os personagens. Não só os protagonistas Priscila e Rodrigo, mas outros nomes recorrentes como Marcelo, Lúcia, Marina, Natália, Leonardo e até mesmo alguns bem de plano de fundo, mas que ainda são relevantes para a obra, como Arthur, Samantha e a Professora Glória. Para isso, precisava-se conhecer muito bem todos eles e ter todos os nomes, personalidades e costumes na ponta da língua. Missão de decoreba. E não deixe de citar os animais de estimação na descrição dos personagens!

Entrando mais no profundo do curso de Letras, começa-se a análise que diz a ver com o conteúdo aprendido. Primeiramente, o público: sendo um semestre voltado para a literatura infantil e juvenil, é óbvio que as leituras serão de obras produzidas para este público, mas será que o livro consegue atingir outros leitores? Se sim, como? Por quê? Quem? É necessário ainda comprovar suas respostas e, estas, podem exigir um pouco de pesquisa - ou apenas uma passada de olhos pela contracapa do livro ou uma lida no Elfo Livre, que te entrega a resposta: 

Apesar de escrito para garotas em sua fase de pré-adolescência, nada impede que adultas ou rapazes consigam aproveitar a leitura de Minha Vida Fora de Série. Paula Pimenta, com sua escrita fluída e vocabulário fácil, faz 405 páginas correrem pelos dedos em poucas horas. Assim, o texto atinge um público muito maior que o seu alvo, comprovado na contracapa do livro onde destacam-se comentários de leitoras de 13 a 47 anos.


Um termo muito interessante que aprendi na faculdade foi a intertextualidade, que é basicamente a presença de "easter eggs" em obras. Esses pontos podem vir como referências, citações ou inspirações, seja de outras obras literárias, cinema, música, televisão ou até mesmo da vida real, e é muito presente no livro de Paula quando os personagens são apaixonados por séries de televisão (listinha completa de citações nesse outro post) e música: cada seriado e canção citada no livro pode ser considerada intertextual. 

Não só isso, Paula Pimenta ainda nos cativa com sua capacidade metalinguística de trazer referências a ela mesma e a outros livros de sua autoria quando, por exemplo, faz Priscila recitar o poema "Você", escrito por Pimenta e publicado em seu livro Confissão, ou quando insere os personagens Fani e Leo, de Fazendo Meu Filme, na narrativa de Minha Vida Fora de Série, conseguindo criar ainda uma linha cronológica entre os dois livros, em um universo próprio da autora onde os personagens de seus livros coabitam o mesmo círculo.

Há, ainda, quem considera a própria vida intertextual com a de Priscila, narrada no livro, por já ter sofrido por um amor que não valia a pena ou ter encontrado o seu Rodrigo da vida real. São inúmeras possibilidades de fazer a abordagem intertextual de uma obra, basta conhecê-la bem e buscar as referências em outros conteúdos que já conhecemos, sendo de intrínseca importância a bagagem cultural que trazemos: é muito mais fácil identificar elementos intertextuais de um livro/filme quando já tivemos contatos com muitos outros, por exemplo.


Em última instância, se pede a biografia da autora, sendo de devida importância conhecer não só a história, mas quem a escreveu e o seu histórico de publicações. Aprende-se, então, que Paula Pimenta é uma escritora brasileira conhecida principalmente pelas sagas “Fazendo Meu Filme” e “Minha Vida Fora de Série”. Nascida em 1975, formou-se em Publicidade pela PUC Minas e publicou seu primeiro livro em 2001, “Confissão”, uma coletânea de poemas. Sua fama veio em 2008 com o lançamento do primeiro volume de "Fazendo Meu Filme", série que ganhou mais três continuações e foi adaptada, inclusive, para o formato de quadrinhos. Hoje em dia, suas obras são traduzidas para outros idiomas e publicadas em países como Espanha e Itália.

Foi um trabalho tão gostoso e prazeroso de se realizar que não consegui absorver o cansaço que normalmente se faz presente em tais processos de aprendizagens. É muito mais fácil você conseguir aprender algo quando se está inserido no assunto, e o semestre de Literatura Infantil e Juvenil me proporcionou essa honra, a qual guardarei para sempre e me recordarei sempre que colocar os olhos em uma obra de Paula Pimenta, escritora por qual me apaixonei graças a faculdade de Letras.

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