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Persona: Andando à Noite | Uma sútil reflexão sobre a morte e a solidão


No quarto e último episódio de Persona, série antológica da Netflix estrelada por IU, um casal se encontra no mundo dos sonhos após o falecimento de um deles para se despedirem devidamente, sem arrependimentos, enquanto ela se permite seguir sua jornada pós-morte em paz. Totalmente apresentado em escala de cinza, consegue passar por meio do visual o sentimento fúnebre e onírico que permeiam o enredo.

Acompanha-se uma estética tradicional oriental cinematográfica, em que a câmera acompanha os diálogos dos protagonistas, profundos e reflexivos, que são o centro da narrativa - e não a ação, como no audiovisual hollywoodiano. É possível afirmar que esta característica se deve ao diretor da trama, Kim Jong Kwan, conhecido e aclamado por realizar filmes sobre a vida cotidiana.


Em natureza de despedida, a ambientação dentro de um sonho revela-se como a possibilidade de ficarem juntos ao menos por uma última vez, mesmo que ele não se lembre de nada disso quando acordar. Em seu subconsciente, passa por um ciclo de paz - tristeza - irritação enquanto revive as mais carinhosas memórias com sua amada, mas também enquanto descobre as tristes condições de sua morte.

Dialogam sobre a solidão, sobre se sentir solitário mesmo estando cercado por outras pessoas. Da sensação de que tudo está prestes a desaparecer e de como nos deixamos dominar por estes sentimentos a ponto de preferir partir rumo ao desconhecido perecimento a sofrer essa angústia de viver somente para ser esquecido, convidando o público a pensar sobre o assunto. 


Tudo isso é passado em cenário pausado que colabora ainda mais com o sentimento de isolamento e de encontro mórbido: as pessoas ao redor do casal não se movem, como se o tempo estivesse parado e este momento fosse só deles. A protagonista chega a dizer que "estamos aqui, mas ninguém vai se lembrar de nós", deixando o questionamento de que esse aqui se refere somente a este momento ou em relação a toda a vida. Alguém se lembrará de você quando sua hora chegar?

Apesar de tratar da morte, o episódio foi o mais leve de todo o programa tamanha a sutileza de Kim Jong Kwan ao abordar o assunto. Sua grandiosidade se faz por meio da ausência de coloração, da iluminação bem trabalhada, do jogo de câmeras discreto e intimista, da magnífica atuação de IU e Jung Joon Won neste romance soturno muito bem desenvolvido mas, principalmente, da sensibilidade do diretor. 

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