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O luxo da simplicidade em Meus Vizinhos, Os Yamadas


Meus Vizinhos, Os Yamadas (ホーホケキョとなりの山田くん) é um popular filme japonês de animação, lançado pelo Studio Ghibli em 1999 com roteiro de direção de Isao Takahata, já conhecido à época por seu trabalho em Túmulo dos Vagalumes (1988).

O longa é extremamente diferente das demais produções lançadas pelo estúdio desde sua fundação, tanto para o campo de roteiro, visual e mesmo linguístico, apostando em uma simplicidade que, extremamente bem-estruturada, mas humilde, se prova muito bem-vinda e transforma o que conhecemos como animação. 


Roteiro honesto, personagens humanos

Ao contrário da maioria das produções da Ghibli, que fazem grande uso do elemento fantástico em suas narrativas, Meus Vizinhos, Os Yamadas se aproxima mais de Memórias de Ontem (1991) ou Eu Posso Ouvir o Oceano (1993) por seu realismo ao apresentar o cotidiano de uma família comum, gente como a gente, que nos impacta pela semelhança com a vida real

A história é não-linear, apresentando pequenas "esquetes" sobre os cinco integrantes da família Yamada, como se fossem tirinhas daquelas que lemos em jornais. É sem começo, meio ou fim que somos apresentados a personagens que remetem a seres próximos nossos, com o pai trabalhador e sempre cansado, a mãe que se recusa a ser empregada da casa, a avó rabugenta, o adolescente preguiçoso e a criança inocente, além do cachorro que tudo observa. 


Linguagem coerente

Esses personagens se tornam ainda mais próximos da nossa realidade ao apresentarem uma linguagem coerente, com permissões a sarcasmos e pequenos xingamentos que não comumente fazem parte dos roteiros da Ghibli — que apostam, em geral, por mostrar o lado mais "correto" do estereótipo comportamental japonês, quando não remete a eras passadas.

Ver as pequenas provocações entre os familiares é um respiro de genuinidade em meio ao perfeccionismo habitual das produções do estúdio, e por si só já vale toda a 1h43 de produção.


Visual despretensioso 

Entretanto, o verdadeiro principal atrativo de Meus Vizinhos, Os Yamadas é o seu visual despretensioso. Com traços simples, aquarelas que não preenchem completamente as linhas, quase a nível infantil, e uma animação que não se preocupa em ser perfeita, o filme aposta na simplicidade também em sua apresentação física, e de forma alguma deixa a desejar.

Esse estilo traz, inclusive, cenários aparentemente incompletos, pouco detalhados, que deixam a família propositalmente em destaque: o que importa aqui é o dia a dia dos personagens, não os móveis de sua casa, as paisagens da rua ou qualquer outra superficialidade. A história sobrevalesse à sua representação visual.


E, novamente, em meio a uma indústria cinematográfica (tanto oriental quanto ocidental, a exemplo de ambas Ghibli e Disney) que se preocupa cada vez mais em entregar os traços mais realistas e próximos da perfeição, ter uma obra que nada contra a maré chama a atenção por sua originalidade, mas principalmente por sua ousadia.

E esse é um traço já presente na obra de Isao Takahata que mesmo mais recentemente, com O Conto da Princesa Kaguya (2013), provou que uma animação aparentemente mais simples pode ser tão ou mais complexa que aquelas que o aparentam. E esse é o luxo da simplicidade: sem esperar por muita coisa, você recebe um filme acolhedor e sensível, igualmente divertido e bem-produzido.


Meus Vizinhos, Os Yamadas está disponível na Netflix.

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