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Música, a trilha sonora da felicidade: uma visão da vida real em Tigertail


Não somos um filme, mas temos a nossa trilha sonora. Mesmo que inconscientemente, a presença da música no cotidiano humano tem um grande impacto em nossa felicidade, principalmente para aqueles que sabem apreciá-la — seja nos momentos de dor, de felicidade ou até mesmo em pontos neutros, no qual ela simplesmente está lá, nos fazendo companhia e deixando nossas cenas mais belas. Tigertail, filme de Alan Yang recém lançado pela Netflix, enfatiza a importância da música no nosso cotidiano. 

Na trama, Pin Jui cresceu em meio às dificuldades, mas seu amor pela música — em especial a de Yao Su Yong & The Telstars Combo — esteve presente em suas memórias mais alegres, seja em uma dança com a amada no bar da esquina ou na banda que tocava enquanto fugia de um restaurante caro para não pagar a conta.


Proporcionalmente, os momentos em que se renegou à paixão musical foram os mais infelizes de sua existência. Deixar de lado a dança, o teclado e seu vinil preferido era se render a desgraça. Para quem ama a música, sua abstinência é uma tragédia, um castigo sem tamanho, acompanhado de sofrimento e amargura, esta última que cresce dentro do ser, fortalecendo a permanência da infelicidade.   

Sendo um filme de aspectos realistas, a relação humano-música representada na narrativa é muto identificável em vivências cotidianas não-ficcionais. Afinal, já dizia a grande Martha Graham: "Um dançarino morre duas vezes — uma delas, quando para de dançar. E essa primeira morte é a mais dolorosa". O mesmo vale para os amantes de uma boa música que, seja por qual motivo, são forçados a deixar de apreciá-la.

A trilha sonora da vida real 

Beatriz Cardoso é professora dança e, para ela, a música é mais do que essencial na vida: "Em momentos tristes e alegres, sempre uso a música pra expressar algo que quero sentir, até mesmo pra me ajudar a ficar inspirada. Como trabalho dando aula de dança, a música é algo que não pode faltar, e é nosso trabalho como professor analisar cada detalhe dela pra encaixar movimentos ou estudá-los naquele 'Tam' da música", diz em entrevista ao Elfo Livre.

Ela revela ainda que é incrível ser professora: "A sensação de olhar para suas alunas e ver que você conseguiu transmitir aquilo que queria, é algo tão surreal, pois não precisamos dizer muita coisa, nós mostramos e pronto! Elas sentem junto com os professores".


Viver sem música, para ela, também seria impossível: "É algo que já está implantado dentro de mim. Uma dançarina executando os movimentos sem a música acha estranho ou sem sentido, tudo com a música na vida de uma dançarina faz sentido."

Julih, de 18 anos, dança desde o sete e já passou por diversos estilos, como o ballet e o sapateado irlandês, mas gosta mesmo é das danças urbanas. Para ela, a música está em todos os lugares: "A música é aquela coisa que está lá sempre que precisar. Ela estará lá quando você estiver triste, ela estará lá quando você estiver feliz. Ela serve pra tudo! E tem música para todo o sentimento."

"A música eletrônica, que é meu estilo preferido, me leva pra outro estado de espírito quando eu escuto. Eu me sinto numa outra dimensão, muito feliz, sabe? Outros estilos de música também. Se eu me sentir sozinha, ela sempre estará lá comigo. É uma coisa mágica. O papel da música é te fazer feliz, te servir de companhia", descreve Julih, em um relato muito pessoal, mas ainda universal sobre a música em nossas vidas.

Ela conta, ainda, que como sua vida mudou após começar a ter aulas: "Dentro da escola de dança, aprendi muito sobre o meu corpo e sobre a vida, porque tem outras pessoas ali com a gente e, com as amizades, aprendemos muito. A dança abriu meus olhos, passei a amar a arte ainda mais", afirmando que, além da música, hoje tem uma conexão muito forte também com as artes cênicas e o cinema, participando de peças teatrais e assistindo a filmes sempre que possível. "Tudo o que eu faço ou tenho vontade de fazer está relacionado à arte. Ela faz a gente muito feliz, né?".

E como faz.

Mudança de perspectiva

Letícia Evans, fã de K-POP desde 2009, é administradora das fanbases Pretty Ji e Solar Brasil, que levam informação aos fãs sobre, respectivamente, as cantoras IU, solista, e Solar, integrante do Mamamoo: "Eu sempre amei música, desde pequena, porque sempre foi um dos meus refúgios e uma das pequenas felicidades do dia a dia, mas nunca tinha me aprofundado mais do que isso. Mas com as fanbases, podendo acompanhar o dia a dia de um artista, mesmo que de longe, conseguimos ter uma boa noção do esforço e principalmente a paixão que envolve a música", comenta sobre suas vivências.

Esse tipo de trabalho levou Letícia a criar um respeito maior pela música. Ela diz: "Diferentemente do que as pessoas podem pensar, não é só ir em um estúdio, gravar e pronto, sucesso imediato. Um bom álbum leva planejamento e às vezes, muitos anos para ser lançado e muito tempo para finalmente ser concretizado. Quando você administra uma fanbase, eu digo que você sempre pode escolher dois lados do qual enxergar um artista: um lado superficial, onde você acha que está tudo bem e vê o artista como perfeito, e o lado verdadeiro, onde você o vê como ser humano e enxerga suas batalhas diárias e suas imperfeições."


"Eu preferi ser a segunda pessoa. Porque com isso, pude enxergar também seu trabalho com a música, seus trabalhos como produtores, compositores e letristas, e lembrar que acima de tudo, eles também são pessoas como nós, que estão trabalhando. E consequentemente, você vê que não é um trabalho fácil, não é diversão, apesar de música ser um refúgio para muitos. Porque, para ela chegar nesse processo final de abrir sorrisos nos rostos das pessoas, de alegrar o dia de alguém, ela passou por muitas etapas que foram árduas. Então, acredito que foi exatamente isso o que mudou para mim. Ter uma fanbase me fez escolher ver o artista como uma pessoa de verdade, e não só um boneco, e isso me permitiu respeitá-lo, e acredito que é isso o que eles mais querem. Respeito acima de tudo e serem entendidos, compreendidos por seus trabalhos.", confessa.

Entretanto, mesmo sendo um trabalho de fã para fã, nem sempre é fácil e exige grande responsabilidade: "As pessoas sempre estão ali pra te apoiar, te elogiar, mas se você cometer algum erro, passar alguma informação errada, mesmo que seja, por exemplo, algum erro mínimo de cálculo de fuso horário, elas também estarão ali para te criticar. Mas elas também estão no direito delas, porque afinal, você é a fonte de informação delas, é em você que elas confiam. Quando você cria uma fanbase, creio eu que você já tem que ter uma mentalidade de que essas coisas vão acontecer. Elas são inevitáveis, não tem como ninguém fugir, até porque ninguém é perfeito e todos cometemos erros. Mas o modo como você lida com esse erro é o essencial. Não digo que também é fácil lidar com as críticas, até porque muitas pessoas sabem ser bem maldosas. Mas aos poucos você consegue entender que aquilo é só uma coisa entre muitas que você fez de certo, e também entende o quanto valioso e bonito é o seu trabalho."

A realização de um sonho

Carol Akioka é a diretora da Revista Koreain, uma das principais fontes disponíveis no mercado brasileiro sobre a Onda Hallyu e cultura sul-coreana em geral, além de atuar ativamente na organização de eventos no país. Conversando com o Elfo Livre, Akioka revela que trabalhar tão próximo aos seus ídolos é um sonho realizado, mas nem sempre é fácil: "Claro que trabalhar com o que eu gosto não significa que irei apenas fazer o que gosto, infelizmente (risos). Mas graças à minha profissão, passei por experiências que a Carol de 14 anos, quando começou a ser fã de KPOP, nunca imaginaria que pudessem acontecer. São muitos desafios, mas ver os artistas, equipe e fãs satisfeitos no final é muito gratificante. Pensar que você contribuiu de alguma forma para aquele breve momento de felicidade gera uma sensação inexplicável."


Akioka confessa, ainda, que trabalhar nos bastidores trouxe a ela uma visão completamente diferente da indústria musical: "Como fã, a gente só acaba vendo as partes boas - os artistas perfeitos, em cima do palco com uma mega produção. Estando no backstage, acabamos vendo diversas situações, agradáveis ou não, e vemos o esforço de todo mundo pra que aquilo possa dar certo. Às vezes, para um show acontecer, a equipe se mobiliza por meses de trabalho duro e madrugadas em claro. Acho que trabalhando de perto comecei a enxergar a importância e dar mais valor para os profissionais envolvidos."

E não foi só a sua visão que mudou graças ao envolvimento com a música: "Através da Revista KoreaIN vemos muito relatos de como o KPOP mudou a vida dos fãs. Já tivemos depoimentos de pessoas que se curaram de doenças, porque assistir a um show do grupo favorito acabou se tornando o motivo para lutar pela vida. Outra fã nos contou que voltou a conviver em família porque os pais também começaram a gostar da mesma música que ela, quando antes ela ficava apenas trancada no quarto para ouvir sozinha. Eu acredito que não apenas o KPOP, mas a música em geral tem essa capacidade, de nos encorajar, de unir pessoas com gostos parecidos, de servir de conforto para quem ouve e poder trabalhar com isso é uma das maiores bençãos da minha vida."

E você, já percebeu como a música é a trilha sonora da sua felicidade?

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